Pesquisadores criam gel de nanopartículas que pode ajudar a salvar os recifes de corais i52l

O gel, ativado pela luz e com aroma de recife, estimula as larvas de corais a se estabelecerem e crescerem 4g3cs
Os recifes de corais têm sofrido com o aquecimento global. Quando o oceano fica muito quente, os corais branqueiam e enfraquecem, o que pode levar à morte. Mais de 80% da área de recifes do mundo sofreu estresse térmico desde o início de 2023, levando ao que os pesquisadores chamam de o pior evento global de branqueamento de corais desde a década de 1990. 6e551z
Uma das soluções, porém, parece estar a caminho. Em um estudo publicado na Trends in Biotechnology, uma equipe da Scripps Institution of Oceanography revelou uma ferramenta pequena, mas poderosa, que pode ajudar a restaurar os recifes de corais: um gel ativado pela luz e com aroma de recife que estimula as larvas de corais a se estabelecerem e crescerem.
Isso é importante porque as larvas de corais, microscópicas, usam pelos minúsculos para nadar, mas o local onde escolhem se estabelecer depende muito dos sinais químicos em seu ambiente. Alguns dos sinais mais atraentes vêm de algas coralinas crustosas, que ajudam a unir os escombros dos recifes e sinalizam um local saudável para o crescimento.
Porém, à medida que os recifes se degradam, a paisagem química muda. “Esses sinais químicos essenciais começam a faltar e a larva não consegue se estabelecer”, explica Daniel Wangpraseurt, biólogo marinho interdisciplinar da Scripps e autor sênior do estudo, ao site Optimist Daily.
Para resolver isso, Wangpraseurt e o cientista de materiais Samapti Kundu criaram o SNAP-X, um gel de nanopartículas que imita o aroma natural dos recifes. Pequenas cápsulas de sílica, cada uma com menos de 70 nanômetros, são preenchidas com compostos liberados por algas coralinas crustosas. As cápsulas são suspensas em um líquido biodegradável ativado pela luz que se transforma em geleia quando exposto à luz. O resultado é uma película fina que pode ser aplicada debaixo d’água e permanece no local, liberando lentamente seu aroma de recife por mais de um mês.
Para testar o gel, a equipe colocou larvas de coral-arroz (Montipora capitata) em pequenos tanques com substratos artificiais de carbonato de cálcio. Quando o gel foi aplicado, as larvas tiveram seis vezes mais probabilidade de se estabelecerem do que em tanques sem ele. Em ambientes mais realistas, com fluxo de água, o efeito foi ainda mais forte; até 20 vezes mais assentamento, especialmente em concentrações mais altas.
Ao incentivar o assentamento natural, o gel pode trazer novas combinações genéticas aos recifes. Atualmente, a maior parte da restauração de recifes envolve a clonagem de corais, que requer o corte de pedaços de coral vivo e o plantio em outro lugar. Apesar de útil, a prática limita a diversidade genética, o que pode deixar os recifes restaurados vulneráveis a doenças e ao aquecimento dos mares.
A equipe está buscando uma patente e planejando testes em recifes, na esperança de adaptar o SNAP-X para outras espécies e ambientes de corais. Wangpraseurt vê o gel como parte de um conjunto mais amplo de ferramentas para a recuperação de corais. “Não existe apenas uma técnica que resolverá nossos problemas. Temos que pensar em diferentes estágios da vida, diferentes abordagens e juntá-las.”